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Brasil: Experiências de (in)segurança pública em São Paulo e Rio de Janeiro

NOVO RELATÓRIO: EXPERIÊNCIAS DE (IN)SEGURANÇA PÚBLICA EM SÃO  PAULO E RIO DE JANEIRO 

Pontos-chave: 

  • O crime organizado está cada vez mais infiltrado nos processos políticos, ameaçando a  governança democrática. 
  • Intervenções militarizadas de segurança no Brasil levaram a abusos de direitos humanos  e corroeram a confiança da população nas instituições de segurança e justiça criminal. Uma estratégia abrangente de segurança pública deve integrar estratégias de policiamento eficazes, políticas sociais que abordem as causas profundas do crime e uma  comunicação transparente para gerar engajamento e confiança da sociedade. A  experiência de São Paulo revela essa possibilidade. 

 

WASHINGTON, D.C.- O Diálogo Interamericano, a Fundação Fernando Henrique Cardoso e a  Escola de Segurança Multidimensional do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de  São Paulo lançaram um relatório em conjunto que Analisa as políticas públicas para enfrentar a  insegurança em São Paulo e no Rio de Janeiro. O relatório destaca os desafios impostos pelo crime  organizado e propõe que alternativas dentro dos limites do Estado de direito para melhorar a  segurança e a governança nessas regiões críticas podem ser uma solução eficaz. 

“Uma análise das políticas de segurança em São Paulo e no Rio de Janeiro mostra que encontrar  uma alternativa democrática para lidar com as crescentes preocupações com o crime organizado é  desejável e possível, mas seu sucesso depende de fatores-chave, incluindo uma combinação de  sanções penais efetivas com o devido processo legal e estratégias de prevenção, medidas que  transcendam ideologias e mandatos, e cooperação regional”, disse Tamara Taraciuk Broner,  diretora do Programa Estado de Direito do Diálogo Interamericano. “No entanto, mesmo a melhor  política pode não garantir resultados se, no mundo de hoje, não for acompanhada por um plano  estratégico de comunicação que a promova corretamente”, acrescentou. 

No Brasil, o aumento da insegurança gerado pela violência e pelo crime organizado exige respostas  inovadoras que equilibrem a segurança pública com os valores democráticos. O estado de São  Paulo tem focado no policiamento comunitário e na prevenção do crime, promovendo a  colaboração entre a Polícia Militar e as comunidades locais. Em contraste, o Rio de Janeiro tem  recorrido a intervenções militares em favelas e áreas de alta criminalidade, com resultados mistos  e notáveis preocupações com os direitos humanos. Este relatório analisa essas políticas, destacando  sucessos e retrocessos, e oferece recomendações que enfatizam o Estado de direito, a  accountability e a transparência para estratégias de segurança eficazes e sustentáveis no Brasil. 

O relatório, baseado numa investigação abrangente, entrevistas e diversas contribuições das partes  interessadas recolhidas em workshops privados e pesquisa independente, defende uma mudança 

no caminho de políticas de segurança democráticas que deem prioridade ao Estado de direito e ao  envolvimento da comunidade em detrimento de abordagens militarizadas. As principais  recomendações incluem: 

  • Reforçar laços entre as polícias e as comunidades locais para promover confiança e cooperação.
  • Reforçar a colaboração entre as várias forças de segurança para combater o crime  organizado de maneira eficaz.  
  • Combater a corrupção dentro do sistema de justiça criminal (polícias, Judiciário e  prisões) para restaurar a confiança da sociedade e garantir accountabilityInvestir em educação, emprego e desenvolvimento comunitário para combater as causas  na raiz da criminalidade.  
  • Desenvolver normas que apoiem a transparência e a accountability dentro das forças de  segurança.  
  • Articular políticas eficazes que transcendem divisões ideológicas, combinando medidas  punitivas com políticas de proteção social e expansão do acesso à justiça.
  • Promover a coordenação e a cooperação regional para combater a insegurança e o crime  organizado de forma abrangente.  

 

Sergio Fausto, diretor geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso, enfatizou que “O crime  organizado é uma ameaça à liberdade e à democracia. Para combatê-lo são necessárias estratégias  de longo prazo, com cooperação internacional, baseadas em inteligência e repressão dirigida a  pontos críticos da cadeia de comando. Encarceramento em massa e populismo punitivista não  resolvem o problema, produzem mais violência e violações inaceitáveis dos direitos humanos.” 

Para mais informações ou para marcar uma entrevista, contactar:  

  • Tamara Taraciuk Broner, diretora, Programa de Estado de Direito, Diálogo  Interamericano (inglês, espanhol, português), Tel: +1-917-385-4139, email:  ttaraciuk@thedialogue.org 
  • Sérgio Fausto, diretor geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso (inglês, espanhol,  português), email: imprensa@fundacaofhc.org.br 
  • Leandro Piquet Carneiro, coordenador da Escola de Segurança Multidimensional do  Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (inglês, espanhol,  português), email: lpiquet@usp.br

 

Sobre o Programa de Estado de Direito do Diálogo Interamericano 

O Diálogo Interamericano é uma organização sem fins lucrativos que promove a governança  democrática, a prosperidade e a equidade social na América Latina e no Caribe por meio da sua  rede de líderes globais. Lançado em 2015, o Programa Estado de Direito é o principal programa  do Diálogo sobre democracia, direitos humanos, anticorrupção e segurança cidadã nas Américas.  Este relatório faz parte de um projeto regional do Programa Estado de Direito que visa promover  uma discussão pública sobre alternativas democráticas para lidar com a insegurança na América  Latina e no Caribe. 

Sobre a Fundação Fernando Henrique Cardoso  

Sem fins lucrativos e apartidária, a Fundação FHC, criada por Fernando Henrique Cardoso em  2004, tem como missão promover uma democracia de melhor qualidade, baseada em uma  cidadania informada, comprometida com o bem comum e aberta ao diálogo. Atuamos como um  think tank dedicado ao debate público e à produção e à disseminação de conhecimento sobre os  desafios do desenvolvimento e da democracia no Brasil, em sua relação com o mundo. Além  disso, enquanto Centro de Memória, preservamos e disponibilizamos os arquivos de Ruth  Cardoso, de Fernando Henrique Cardoso e de outras figuras públicas ligadas ao casal, de modo a  contribuir com a pesquisa e a difusão do conhecimento sobre a história brasileira. 

Sobre a Escola de Segurança Multidimensional do Instituto de Relações Internacionais da  Universidade de São Paulo  

A Escola de Segurança Multidimensional (ESEM) foi fundada em abril de 2022 como um  programa de educação profissional vinculado ao Instituto de Relações Internacionais (IRI) da  Universidade de São Paulo (USP). A criação da ESEM decorre de uma longa e bem-sucedida  parceria com a Organização dos Estados Americanos (OEA), iniciada em 2014, quando o IRI USP passou a integrar a Rede Interamericana de Desenvolvimento e Profissionalização Policial,  uma iniciativa com foco no desenvolvimento de programas de capacitação que visavam reduzir  as assimetrias entre as polícias das Américas. A ESEM oferece formação profissional nas áreas  de segurança pública, defesa e justiça criminal. Em seus dois anos de atividade, formou mais de  20 mil alunos de 27 países das Américas, África e Europa.

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